SEGUIDORES

26 dezembro 2014

UM FIM DE ANO DIFERENTE E MERECIDO (ISTO É)

O natal para esses senhores será bem diferente

Como a proximidade das festas de fim de ano e o longo período de cárcere têm levado alguns executivos de empreiteiras a entrar em depressão. Quatro deles já admitem a delação premiada em troca da liberdade

Mário Simas Filho (mariosimas@istoe.com.br)


Há menos de um ano Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, realizou o antigo desejo de comprar um apartamento na Vila Nova Conceição, um dos endereços mais sofisticados de São Paulo. Desde então, ele e a mulher vinham planejando inaugurar a nova residência na noite de Natal, quando o imóvel, avaliado em R$ 5,5 milhões, seria oficialmente apresentado a toda família. Ao longo de 2014 o apartamento veio sendo cuidadosamente decorado e a ideia era que a família se reunisse para celebrar o Natal e ao mesmo tempo promover uma espécie de comemoração ao sucesso obtido pelo jovem trainee que entrou na construtora em 1994 e se tornou o executivo titular de um dos mais cobiçados cargos numa das maiores empreiteiras do País. Na terça-feira 16, Leite soube oficialmente que as festas de fim de ano não serão como planejadas. Acusado de ser um dos corruptores no escândalo da Petrobras, ele passará as noites de Natal e de Réveillon sobre o colchonete instalado na fria cela de seis metros quadrados que divide com outros três presos pela Operação Lava Jato, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).
abre.jpg 
RICARDO PESSOA (esquerda) - Diretor da UTC, tinha planos de passar o Réveillon em Nova York. Na carceragem da PF, segundo amigos, está “perto de explodir”
EDUARDO LEITE (centro) - Vice-presidente da Camargo Corrêa, queria aproveitar a noite de Natal para receber a família no novo apartamento. Com a permanência na cadeia tem dito aos outros presos que fará delação premiada
JOSÉ ADELMÁRIO PINHEIRO FILHO (direita) Presidente da OAS, planejava passar o Natal na Europa.

Deprimido, quase não fala com os colegas e pouco se alimentaA notícia de que estará confinado nas festas de fim de ano provocou uma enorme mudança no comportamento do executivo. Entre os 11 diretores de empreiteiras encarcerados desde 14 de novembro, Eduardo Leite era apontado como um dos mais refratários às delações premiadas propostas pelo Ministério Público Federal e mostrava-se otimista em relação aos recursos jurídicos que procuram libertá-los. “É evidente que a prisão funciona como uma forte pressão psicológica e muitos buscam a delação em troca de penas mais brandas”, disse um dos procuradores da Operação Lava-Jato na quinta-feira 18. “Até a semana passada Eduardo Leite era um dos que mais animavam os colegas de cadeia a resistirem às propostas de acordo”, completou o procurador. Mas, segundo advogados ouvidos por ISTOÉ, nos últimos dias o executivo vem insistindo na tese de que o melhor seria aderir à delação premiada desde que lhe seja assegurada a liberdade. Na última semana, Leite permaneceu mais calado do que de costume e a outros presos disse que está muito perto de “dar a mão à palmatória”. “Está muito difícil para ele enfrentar essa situação e a cada dia o vejo mais deprimido”, disse um dos advogados que visitaram os empresários. Leite é hipertenso e no início do mês chegou a apresentar dois picos de pressão. Desde então ele mantém, ao lado do beliche onde dorme, um aparelho com o qual monitora a pressão pelo menos duas vezes ao dia. De acordo com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Leite teria sido beneficiado com cerca de R$ 20 milhões provenientes de obras superfaturadas.
A prisão funciona como uma forte pressão psicológica e muitos buscam a delação em troca de penas mais brandas
Com a proximidade das festas de fim de ano a vida fica mais difícil para os diretores e executivos das maiores empreiteiras do País. Até o início da semana passada, apesar do sofrimento provocado por um mês de confinamento, havia entre eles um certo otimismo com a possibilidade de obterem algum benefício jurídico. Na terça-feira 17, dois advogados disseram a seus clientes que dificilmente será concedida a liberdade. A informação transmitida aos presos foi a de que a Justiça só deverá se manifestar, sobre os recursos que procuram tirá-los da carceragem, em fevereiro. “Recebi recados dos tribunais superiores dizendo que nada mudará até o fim do recesso judicial”, disse à ISTOÉ na quinta-feira 18 um dos advogados que atuam a favor dos empreiteiros. Entre os delegados e procuradores da Operação Lava Jato, a avaliação é a de que a manutenção das prisões nesse período de festas possa provocar uma avalanche de delações premiadas logo no início de 2015. ISTOÉ apurou que se depender do estado psicológico dos presos é possível que novas denúncias surjam antes mesmo da virada do ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MESMO QUE NÃO TENHA TEMPO COMENTE. SUA VISITA É
MUITO IMPORTANTE E SEUS COMENTÁRIOS TAMBÉM...
ANÔNIMOS ACEITOS, DESDE QUE NÃO OFENSIVOS. UMA COISA IMPORTANTE: AS CAPTCHAS NÃO TÊM DIFICULDADE PARA AS PESSOAS. AS LETRAS OU SÃO MAIÚSCULAS OU MINÚSCULAS, NÚMEROS SEMPRE IGUAIS. CASO NÃO ENTENDA HÁ UMA RODINHA PARA V. MUDAR ATÉ ACHAR MELHOR.OBRIGADO.